O pequeno grande mundo da pintura ou o infinito num grão de areia.
Risco branco cortando o céu azul, borboleta negra numa flor vermelha, asfalto borrado de sangue, cor da pele, sol que brilha num verão colorido, chuva, névoa, perspectiva e sombras, escombros sentimentais povoando o inconsciente numa certeza quase incerta que um dia duas paralelas vão se encontrar no infinito. Fé, desejo e tesão. Olhar para cima e decifrar a matéria, CLARABOIA desenhada por Deus, num desesperado ato de criação que deu ao homem a possibilidade do sagrado: Arte e Ciência.
Penso no momento numa exposição chamada OLHO DE BOI, no atelier coletivo com 6 artistas. O espaço fica no centro do Rio de Janeiro, Lapa, lugar cheio de tradições, que nos remete a uma forte atmosfera do imaginário urbano carioca. OLHO DE BOI (título) lida com esse imaginário. Semente sagrada carregada de misticismo e beleza usada em rituais religiosos ou como elemento de adorno e que nos protege. O que ela vê? ALEXANDRE, CECÍLIA, EDSON, JEAN. JULIANO e SANDRA. Organizações pictóricas, sujeito e objeto.
Edson lida de forma intensa com a matéria-natureza. Como sangue que corre nas veias, rumos d'agua que cortam os solos. Apesar de seu colorido baixo, seus planos recortados, meio geometria, meio organismo; seus trabalhos possuem um rítmo próprio de carnavais que fazem uma ponte visual entre suas pinturas e o ambiente em que vive e trabalha.
EDMILSON NUNES – Itaipuaçu, 2009